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Quem diria que o cansaço mental seria uma das maiores queixas atualmente! Veja os principais estressores, como desacelerar a mente e melhorar a qualidade de vida

Fabiana Scaranzi, Jornalista.

http://fabianascaranzi.com.br/cansaco-mental-o-mal-do-seculo-veja-como-desacelerar-a-mente/

A quantidade de pessoas que reclamam de cansaço está cada vez maior. E engana-se quem pensa que o cansaço em questão é aquele físico, resultado de muita academia ou noites mal dormidas. Pelo contrário, o cansaço é mental!

Você também já deve ter se sentido cansada mentalmente. Basta pensar em quantas vezes você sentou no sofá depois de um dia de trabalho e percebeu que não conseguia relaxar, simplesmente porque a mente estava lotada de afazeres e preocupações. Afinal, é tanta coisa todo dia, né? Reunião de trabalho, dever de casa dos filhos, compra no supermercado, revisão do carro, contas pra pagar, horário no dentista…

O tal cansaço mental pode chegar a consequências que a gente nem imagina. Quer um exemplo? Em 2007, Arianna Huffington, fundadora do famoso The Huffington Post – um dos mais importantes sites de notícias do mundo – caiu desmaiada no chão do escritório da sua casa em Los Angeles. Na queda, ela bateu com a cabeça na quina da escrivaninha, cortando a região próxima ao olho e fraturando o osso da maçã do rosto. Depois de uma consulta atrás da outra, inclusive com exames e tomografias computadorizadas e ecocardiograma a fim de descobrir se havia algum problema fisiológico por trás do desmaio, o diagnóstico: exaustão!

E não era à toa! O The Huffington Post cresceu tanto e num ritmo tão acelerado que Arianna trabalhava 18 horas por dia sem parar, se alimentava mal, dormia pouco e, lógico, se via sempre muito estressada. Foi preciso o “piripaque” para que a empresária revisse seu estilo de vida, tirasse o pé do acelerador e finalmente fizesse algumas mudanças na sua rotina.

“A variabilidade de demandas que as pessoas têm no seu ambiente e/ou meio, como a área social, afetiva, familiar, ocupacional e de saúde, por exemplo, faz com que elas sintam uma necessidade de resolve-las, supri-las, posterga-las ou até reprimi-las. Essas demandas podem ser interpretadas pelos indivíduos como urgentes, desencadeando, assim, uma pressão contínua e, se não geridas funcionalmente, essas situações podem desencadear um stress excessivo”, explica o psicólogo Luiz Ricardo Vieira Gonzaga.

O cansaço mental tem se tornado um problema tão recorrente, principalmente no ambiente de trabalho, que algumas empresas estão até mudando o modo como encaram a questão.  No fim de junho, a desenvolvedora online Madalyn Parker usou sua conta no Twitter para mostrar a resposta do seu chefe a um pedido incomum: ela enviou um e-mail aos colegas de trabalho, informando que tiraria dois dias de folga para cuidar da sua saúde mental.

“Olá, time! Eu vou tirar hoje e amanhã de folga para focar na minha saúde mental. Espero voltar na semana que vem renovada e 100% pronta para o trabalho. Muito obrigada”, escreveu.

O que chamou a atenção, entretanto, não foi apenas a atitude da desenvolvedora, mas a resposta do diretor da empresa para a qual ela trabalha.

“Oi, Madalyn. Eu gostaria de te agradecer pessoalmente por mandar um e-mail como este. Toda vez que você o faz, eu os uso como lembretes da importância de usar dias de folga também para a saúde mental. Eu não acredito que isso seja uma prática comum em todas as organizações. Você é um exemplo para todos nós, ajudando a cortar o estigma para que seja possível para todos nós darmos 100% no trabalho”, escreveu.

A resposta foi uma surpresa tão grande que não demorou até que viralizasse na internet e hoje já recebesse mais de 36 mil likes! “Geralmente, as queixas mais frequentes estão relacionadas à vida profissional, seja por motivos excessivos de trabalho ou da falta dele ou até relacionado as relações no ambiente de trabalho podendo desencadear situações estressoras para a pessoa. Assim, definimos como o estresse ocupacional a estimulação psíquica e emocional decorrente das exigências do ambiente de trabalho e das capacidades para realizá-lo”, diz Luiz Ricardo Gonzaga.

De olho na crise
O especialista chama atenção ainda para a crise econômica que vivemos atualmente. Ela pode ser descrita como um estressor social, uma vez que vem acarretando altos índices de desemprego e enxugamento do quadro de funcionários nas empresas. “Essa ameaça ativa os mecanismos de luta ou fuga, que são mecanismos de sobrevivência do próprio indivíduo quando este se vê em condições de vulnerabilidade. Assim, a pessoa poderá enfrentar o que o estressa, o “estressor”, ou dele fugir. A maneira como lidamos com aquilo que nos incomoda será o grande diferencial neste processo”, explica.

Atenção mulherada
Pesquisas apontam que o nível de stress e cansaço mental em mulheres e superior ao dos homens, uma vez que, além da carreira ainda somos as maiores responsáveis pela educação dos filhos e funcionamento da casa. “O gerenciamento dessas situações acaba por prover a ativação de recursos emocionais e cognitivos que fazem com que as mulheres se sintam acima do limite do que elas podem lidar naquele momento e se essas demandas são corriqueiras e intensas isso poderá desencadear um cansaço mental intermitente”, alerta o especialista.

Informação demais também incomoda
Pode não parecer, mas o fluxo de informações que recebemos diariamente pode ser um grande influenciador do nosso stress, uma vez que pode desenvolver um senso de descrença diante da situação atual que vivemos, seja econômica, política, de segurança pública… De acordo com o psicólogo, Luiz Ricardo Gonzaga, se você já se encontrar vulnerável ao stress, essas informações podem ser avaliadas e potencializadas como uma ameaça pessoal e isso poderá contribuir para o estado de cansaço mental. Será que não é a hora de se desconectar um pouquinho? Sua saúde agradece!

Cansaço mental e a nossa realidade: as maiores queixas no Instagram!
O assunto me chamou tanto a atenção que resolvi fazer um post especial no Instagram perguntando se vocês também sofrem de cansaço mental. A quantidade de respostas foi enorme e os motivos os mais diversos! Separei três deles e pedi para o que psicólogo Luiz Ricardo Gonzaga avaliasse cada um separadamente. Dá uma olhada:

@raffaelacdl: “O desafio constante de viver sob pressão, de querer fazer tudo certo e rápido, de tentar ser “perfeita” para poder sobreviver às diversas cobranças do mundo, geram frustração e esgotamento, apesar de saber que as coisas não dependem apenas do nosso querer e boa vontade”
LRG: Querer lidar com as situações de uma maneira absoluta e inflexível acaba desencadeando sintomas psicofisiológicos, como exaustão mental, incapacidade, derrotismo, ruminação excessiva e doenças como gastrites, úlceras, psoríase e dermatites desencadeadas pelo stress. Uma vez passado ou retirado esse estímulo estressor, o organismo retorna ao estado de relaxamento e equilíbrio, diminuindo os sintomas. Por outro lado, quando essa percepção de perigo é imaginária, o organismo poderá ativar um estado permanente de stress, diminuindo, consequentemente, sua qualidade de vida.

@fabi_gazoni: “Acredito que o que mais tem cansado todos nós, são as condições de sobrevivência diante da violência, da exploração do trabalhador e do descaso a que tem sido submetido o povo brasileiro”
LRG: As situações que a sociedade brasileira está vivenciando neste momento podem ser um gerador de muito stress. Essas situações (desemprego, corrupção, crise econômica, por ex.) se caracterizam como estressores sociais que podem implicar na sobrecarga física e psíquica do indivíduo. Outros estressores são os biogênicos, como fome e sede, implicando na ativação das nossas necessidades básicas.

@miriamantunesribeiro: “Me cansa as pessoas que não resolvem seus problemas e passam a vida reclamando nos nossos ouvidos. E não adianta aconselhar, pois parece que não nos escutam”
LRG: O cansaço mental e físico que o estresse desencadeia pode tornar as pessoas mais autocentradas e estas não conseguem viabilizar estratégias e soluções mais racionais a respeito da própria situação podendo influenciar negativamente nos relacionamentos com outras pessoas.

Mas, calma! O cansaço mental tem tratamento
O primeiro passo é descobrir o que tem desencadeado seu cansaço mental. É o trabalho? O relacionamento? Os filhos? Assim, você consegue diminuir as famosas estratégias disfuncionais – aquelas que não resolvem a situação e sim acaba por manter ou até aumentar o sintoma de cansaço mental.

Depois, procure avaliar a situação sem se colocar como parte dela, mas sim “vendo o problema de fora”. Ao agir como uma terceira pessoa, você consegue refletir e analisar o problema por outro ângulo e perspectiva, criando nossas formas de solução.

Por fim, estabeleça prioridades e organize seu tempo em relação a essas questões, impondo limites a si mesma. “Pesquisas indicam que o maior desencadeador do stress e cansaço mental são as próprias pessoas que acabam não estabelecendo prioridades frente às demandas excessivas que elas mesmas se impõem”, finaliza o especialista.

E aí, que tal delegar algumas funções, respirar fundo, contar até 10 e assumir outro ritmo de vida, hein?! Tenho certeza que você consegue e sua mente e corpo só têm a agradecer!

Bjs,
Fabi Scaranzi

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Conheça o profissional

Dr. Luiz Ricardo Vieira Gonzaga CRP 06/79399

Terapeuta Cognitivo Comportamental

Mestre (PUC-Campinas, 2011) e Doutor em Psicologia (PUC-Campinas, 2012-2016). Licenciado e Graduado em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB, 2003, 2004). Especialista em Psicologia Clínica (USP, 2006).

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